conseguia distinguir realidade com o que eu vi na noite
passada.
Para minha depressão total no santo domingo, estava chovendo. Sem sol, sem vida, tudo negro.
Me levantei, arrumei minha bolsa e fui para minha casa. Andando naquela avenida morta, numa manhã chuvosa e os pensamentos me afogando nas tristezas da vida as lágrimas, por mais que as segurassem, cairam pelo meu rosto.
Meu peito doía. Era insuportável. As cenas na minha cabeça tomavam forma e vida sozinhas e no fim dava replay para me atormentar mais ainda.
Entrei no ônibus sem rumo e nem vi o caminho passar. Tinha dormido apenas quatro horas, mas estava sem um pingo de sono. Só queria chegar em casa e saber que estava tudo normal.
Que veria meu pai lá. Que veria minha família feliz. Que minha honra sempre estivera no lugar de onde nunca devia ter saido. Que o meu amor estivesse correspondido.
Mas é claro que não. A vida continua, nos dá rasteira e nos joga na cara que você nasceu para ser infeliz. Meu pai não estava lá. Minha família não estava unida e feliz. Minha honra fugiu. Meu amor estava mais mal correspondido que carta de um soldado na guerra.
Agora não sei como vou levar a vida. Deixa os dias irem passando e as coisas irem acontecendo. Agora me fechei de vez e de verdade.
Meu pesadelo ia além da cama. Era meu pesadelo real.
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