terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Olhares


Havia um ano que estava na faculdade. Não havia acontecido nada demais que as pessoas tanto falam. Na verdade achava um saco. Não as aulas, mas a monotonia como não acontecia nada. N A D A.
Uma exceção... Rafael. A gente nunca trocou uma palavra, mas os olhares diziam por si. Quando ele me olhava sentia uma coisa tão boa, o olhar dele me penetrava de um modo que me incomodava e me fazia feliz.
Não sei se meu olhar causava inquietação nele, mas demonstrava tudo o que eu sentia.
Ele era do tipo motoqueiro, usava calça preta, sempre usava sua jaqueta de couro preta, era alto, os cabelos castanhos claros e os olhos da mesma cor.
Não sabia o que cursava, mas sabia que era um atleta e tanto.
Numa belíssima noite estrelada e de lua cheia, resolvi sair com minhas amigas na hora do intervalo. Fomos para frente da faculdade para tomarmos um ar. Vi Rafael só de relance e ele me viu saindo, deve ter estranhado porque eu nunca saia do pátio. Não percebi quando Rafael saiu também. Passou do meu lado, agarrou a minha mão e me puxou. Nossa, estava pisando em nuvens. A mão dele era quente e ao mesmo tempo que era forte era delicada e carinhosa.
O que será que ele iria fazer?
Rafael parou em frente uma moto. Havia dois capacetes.
Ele destrancou os capacetes e colocou na cabeça. Sem trocarmos uma palavra ele empurrou o outro para mim. Estava confusa e com medo. Sem pensar duas vezes dei um passo para trás. Ele sorriu docemente e não resisti. Ele subiu na moto e a ligou. Peguei o capacete e subi também.
Não olhei para trás, mas sabia que as meninas deviam estar de boca aberta.
Ele me levou para um lugar perfeito. Era meio afastado da cidade, num lugar alto onde as luzes de onde nasci eram lindas e onde nada importava, só eu e ele.
Virei para ele e olhei com muitas duvidas.
- O lugar é lindo e combina com você. Não me perdoaria se não te trouxesse aqui e hoje era o dia perfeito. Aconteceu como eu queria. Você saiu do pátio. - me disse Rafael
- É lindo mesmo. Eu também nunca me perdoaria se não viesse com você.
Conversamos a noite inteira. Descobrimos coisas que nunca imaginavamos e tinhamos uma afinidade incrivel. Era mais que na hora de voltar para casa, 1 da manhã.
Nos levantamos daquele gramado bem cuidado sob as estrelas e diante dessa cidade incrivel e antes que me desse o capacete ele me abraçou.
Depois de um tempo olhei em seu rosto e ele chorava.
- Eu te amo. Acredita em mim? - Rafael
- Sim. Eu também te amo. - eu não podia mais guardar isso depois de um ano.
Ele me beijou. Seu abraço era delicioso. Não queria largá-lo, ele passava paz e carinho, esqueci de tudo até de quem era nos braços daquele menino-homem. Queria viver minha vida com ele.
Hoje faz 45 anos que nos casamos e desse dia nunca me esquecerei!

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